igreja, lugar de gente

29 de agosto de 2010- IGREJA, LUGAR DE GENTE - Atos 17.24

PORQUE ESTOU NA IGREJA. QUAL A MINHA IMPORTÂNCIA AQUI?

DEVEMO LEMBRAR DAS TRÊS FUNÇÕES BÁSICAS DA IGREJA:

PRESTAR ADORAÇÃO A DEUS. 1 Co 14.26-33

MINISTRAR BOAS NOVAS AO PERDIDO, CATIVO E OPRIMIDO lucas 4.18-19

MINISTRAR BENÇÃOS, EXORTAÇÃO E EDIFICAÇÃO UNS AOS OUTROS. Rm 15.1-13

Igreja é lugar de gente, como eu e você. Tem gente que sente vergonha em admitir que é gente. Ser gente não é demérito algum. O próprio Jesus virou gente e mostrou o que é ser gente de verdade (João 1:14). Vivemos no século da impessoalidade. Não somos ninguém. Somos meros objetos ou força de trabalho transformados em números. Será que em nossas Igrejas não tem sido assim?
GENTE NÃO PODE SER TRATADA COMO NÚMERO – Assim como no banco somos uma senha, no trabalho somos uma matrícula, na escola o número de chamada e na Igreja somos um número no rol. O número é impessoal, pode ser substituído. Se o número 5 morre, colocamos outra pessoa para ser o número 5. E assim as pessoas vão se sentindo cada vez mais desvalorizadas como gente.
GENTE NÃO PODE SER TRATADA COMO ESTRANHO – Não se sabe mais quem é o outro. E tanto maior a Igreja, maior o problema. À medida em que vai crescendo, a Igreja vai se tornando mais parecida com uma espécie de “clubão”, que promove encontros superficiais para lustrar a religiosidade de alguns. Torna-se uma espécie de “supermercado divino” onde os que podem vão semanalmente buscar a sua parte. E assim as pessoas vão se distanciando umas das outras e tornando-se estranhas em sua própria casa.
GENTE NÃO PODE SER TRATADA COMO COISA BUROCRÁTICA – Rol de membros, atas de todos os departamentos, correspondências, relatórios, balanços, balancetes, carteirinhas de membro. O pastor se perde na papelada, pois a estrutura exige isso, e o povo fica sem oportunidade de contato com ele. As Igrejas empurram o pastor para a burocracia e o afasta também de Deus, cujo acesso é absolutamente livre e sem qualquer burocracia. No livro “Igreja, lugar de vida”, o Pr. Naamã Mendes conta que uma vez foi visitar um colega pastor. Só queria dar uma abraço nele. Ao chegar no portão com muito custo conseguir alcançar a campainha e quando tocou foi recebido por um pastor-alemão enorme, que latia e pulava na grade tentando mordê-lo. Depois de algum tempo alguém gritou lá dos fundos o que ele queria e se era importante, pois o pastor estava muito ocupado retornando umas ligações. Disse que só queria vê-lo e dar-lhe um abraço e depois de muitos “heim?” por causa do latido do cachorro ela pediu pra esperar um pouco que iria chamá-lo. Após 30 minutos ela voltou, prendeu o cachorro e mandou entrar e esperar um pouquinho na recepção. Depois de mais 30 minutos ele veio atender, trocaram um abraço de 30 segundos e o pastor Naamã foi embora pensando: “e se fosse alguém que estivesse precisando?” Por causa da burocracia com que são tratadas, pessoas se consideram apenas parte do processo e deixam de se valorizar como gente.
GENTE NÃO PODE SER TRATADA COMO ESPECTADOR – Ouvimos, às vezes, a expressão: “hoje eu vou assistir o culto”. Não devemos assistir aos cultos, e sim cultuar. Hoje já existe até a “Igreja virtual”. A ceia, os estudos bíblicos, tudo chega pelo correio. Naturalmente que os dízimos devem ser depositados em uma conta-corrente qualquer. A Igreja “Cristo em Casa” está crescendo. A “Escola Bíblica do Ar” tem muitos alunos matriculados. Muitos pastores eletrônicos exercem fascínio sobre os membros de sua Igreja, que ficam felizes em ver seu pastor na televisão. Alguns aproveitam para mandar abraços para esse ou aquele membro, anunciar aniversariantes e tudo o mais. É passada a idéia de que os pastor resolve todos os problemas das pessoas e ele torna-se mais um “show-man” do que um pastor. Ouvimos pelos meios de comunicação apelos diversos, como: “se você está sendo traído, põe a cabeça em cima do rádio; se você tem problema de hemorróidas, sente-se em cima da tv”. Ouvi de um pastor que em um programa de rádio que faz “entrevista” com os demônios, a seguinte conversa: - demônio, você gosta de crente que usa bermuda, vai no cinema, na praia e joga bola? _ sim, respondeu o demônio. – você gosta das irmãs que cortam cabelo, usam calça comprida e usam batom? – gosto, respondeu o demônio. A cada resposta o entrevistador virava-se para a platéia e dizia: - estão ouvindo, irmãos? Por último ele perguntou: - demônio, você gosta do grande homem de Deus que fala contigo? – gosto, respondeu ele. Prontamente o irmão disse: - mentiroso, pai de todo engano, sai em nome de Jesus! Por causa dos recursos eletrônicos e tecnológicos, as pessoas se distanciam umas das outras e se perdem como gente.
GENTE NÃO PODE SER TRATADA COMO CLIENTE – Algumas Igrejas tem como programa “vender-se” como a melhor do bairro, da cidade, do país e algumas até do mundo. Nenhum pastor admite que a sua Igreja vai mal. As estatísticas das Igrejas são algo vergonhoso, superestimadas e, quase sempre, inverídicas. Ouvimos expressões como “centenas de curas”. Além disso vende-se de tudo nas Igrejas: rosa de Sarom, tapete ungido, óleo ungido, água do Jordão, pedra do monte Carmelo. Ensinam “simpatias cristãs” como, por exemplo: “pegue um copinho de plástico, encha de água, e todo dia coloque em cima do rádio na hora do programa da Igreja; depois do programa beba a água; repita por sete dias; no último dia amasse o copinho, coloque num envelope junto com uma oferta de fé e entregue na Igreja. É só fazer isso e o irmão será curado de qualquer enfermidade”. Ouvi muita coisa parecida no programa Aroldo de Andrade quando era criança. Infelizmente as Igrejas que vendem sonhos estão muito mais cheias do que as que pregam a palavra de Deus, apesar das pessoas continuarem doentes dentro delas.
GENTE NÃO PODE SER TRATADA COMO ESPÍRITO – Existem dentro das Igrejas crentes que são mais espirituais que o próprio Jesus, enquanto gente. Fatos comuns do dia ora são taxados de milagres de Deus, ora são manifestações demoníacas. Tem gente que vê milagre em tudo. Também tem gente que vê demônio em tudo. Um irmão deu um “tristemunho” dizendo que o demônio estava na dobradiça da sua porta e cada vez que ele abria a porta fazia um barulho infernal. Chegando na Igreja o pastor deu a ele um vidrinho de óleo ungido. Diz ele que foi só pingar o óleo ungido na dobradiça que o demônio saiu e a porta nunca mais fez barulho. Todos os pecados são atribuídos a Satanás: adultério, roubo, agressões físicas, estelionato, etc. apesar da Bíblia afirmar que essas coisas procedem do coração do homem (Marcos 7:21-23). Dor física e emoções negativas são colocadas como sinônimos de possessão demoníaca: depressão não é coisa de crente (afinal de contas, “não pode ser triste o coração que ama a Deus”), mas homens como Moisés, Davi, Elias e Jeremias ficaram deprimidos e o próprio Jesus certa vez se declarou em profunda tristeza da alma (Mateus 26:37,38).